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Nunca duvidar, jamais desistir, jogar a toalha sob hipótese alguma. Derrubar um gigante centenário não é para qualquer um. O Inter acreditou, insistiu, guerreou e contou com uma torcida inflamada para bater o Banfield por 2 a 0 na noite desta quarta-feira, no Beira-Rio, e avançar às quartas de final da Libertadores da América. O resultado foi fabricado sob medida para manter o Colorado vivo na competição, já que no duelo de ida, na Argentina, os gaúchos levaram 3 a 1.
Os gols colorados foram marcados pela dupla de ataque, que não balançava as redes rivais há quase um mês. Alecsandro abriu o placar no primeiro tempo. Walter garantiu a classificação na etapa final. Agora, a missão do Inter é ainda mais árdua. O oponente das quartas de final é o Estudiantes, atual campeão da Libertadores, derrotado pelo Colorado na decisão da Sul-Americana de 2008. O primeiro jogo é na semana que vem, no Beira-Rio.
A classificação garante a permanência do técnico Jorge Fossati em Porto Alegre. Ele será o responsável por comandar o Inter na estreia no Campeonato Brasileiro. É domingo, contra o Cruzeiro, no Gigante.
Pressão surte efeito: 1 a 0 no primeiro tempo!
Não entrou. Por algum motivo, a pancada de D’Alessandro não entrou no gol de Lucchetti aos 12 minutos do primeiro tempo. Por alguma razão obscura, sabe-se lá por que cargas d’água, a patada de D’Alessandro explodiu no travessão do Banfield. Maldade pura com uma torcida que sentia o relógio tiquetaqueando marteladas a cada segundo de jogo. Eram 12 minutos. Aquele gol valeria ouro.
Quanta pressão, quanta tensão, quanta expectativa voltada para um único campo de futebol. Dois gols valiam a vida para o Inter. Um deles tinha que sair no primeiro tempo – não por obrigação, mas como sinal de esperança. E o Colorado tentou. Tentou com Andrezinho, que bateu mal, por cima. Tentou com Walter, que cabeceou para fora. Tentou com Alecsandro, que não conseguiu concluir jogada dentro da área, pertinho do gol. Tentou, tentou e tentou. E conseguiu. De tanto tentar, conseguiu.
Abençoado gol. Já sangrava a esperança vermelha quando saiu o gol. D’Alessandro, de frente para a zaga adversária, viu uma daquelas brechas que só ele vê. O passe foi para Andrezinho, que chegou na bola um pouco antes do goleiro, tempo mais do que suficiente para dar um toque lateral, preciso, na direção de Alecsandro. O centroavante concluiu para dentro do gol. A bola entrou junto com um grito coletivo. Os jogadores saíram correndo um para cada lado, eufóricos. A torcida urrou, em um misto de êxtase com confiança renovada. Era o gol do Inter. Era o sinal de que era possível virar!
E foi justo. Se o Inter não teve grande brilho técnico, pelo menos teve ambição. Se foi lento, foi também insistente. O Banfield ficou na dele, se defendendo, matando o tempo, saindo nos contra-ataques. Fernandes ameaçou aos 19, com chute colocado que quase encontrou o ângulo direito de Abbondanzieri. Alecsandro, aos 32, colocou a mão na bola dentro da área defensiva do Inter. O lance foi ignorado pela arbitragem.
Avante, Inter: 2 a 0 e vaga garantida!
Sandro avisou que o Banfield iria tremer diante da torcida do Inter. E quem tremeu foi o Beira-Rio. Literalmente. Tremeu no sentido de balançar, de sair do lugar, de parecer em vias de desmoronar. Os colorados saíram do chão e não voltaram mais enquanto teve jogo dentro do gramado do Gigante. E o Inter fez o segundo! E o Inter classificou!
Classificou, em grande parte, porque tem Andrés D’Alessandro e seus lampejos de gênio. Aos 12 minutos, o argentino pegou a bola pela esquerda e mandou Fabiano Eller passar por ele. Quando o zagueiro/lateral avançou, D’Ale fingiu que mandaria a bola na área. A zaga adversária ficou toda embananada. El Cabezón deu um toquezinho leve, de pé canhoto, na ponta esquerda. Eller dominou, deixou o olhar mirar a área e mandou o cruzamento. Walter, de cabeça, fuzilou Lucchetti. Gol do Inter!
O inferno é aqui, Banfield. E ele é vermelho. Os 2 a 0 garantiam a classificação ao Inter. A torcida, ciente disso, não deixou mais o time argentino jogar. O Beira-Rio virou uma enorme vaia para cima dos visitantes. Eles tramaram algumas jogadas, especialmente com o habilidoso James Rodríguez, e arriscaram chutes de longe, sempre para fora.
Durou uma eternidade até o jogo terminar. O Inter não tem a mesma manha dos argentinos para matar o tempo. Quando teve a bola, o Colorado buscou o terceiro gol. Walter recebeu livre, frente a frente com Lucchetti, e perdeu a chance. O jogo esteve sempre vivo. Os gaúchos jamais deixaram de correr riscos, mesmo com a expulsão de Rodríguez. Mas o sofrimento valeu a pena. O Inter está vivo, Fossati está empregado, a esperança continua. Jamais desistir!
FONTE: http://globoesporte.globo.com/
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