sexta-feira, 29 de julho de 2011

Catadora de lixo protagonista de documentário morre no Rio

Estamira protagonizou o documentário que relata a história de uma senhora que cata lixo em Gramcho
Estamira, que deu nome ao premiado documentário de Marcos Prado, lançado em 2005, morreu nesta quinta-feira por falta de atendimento médico imediato para tratar uma infecção no braço no Hospital Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro. O diretor do longa lamentou em sua página do Facebook a morte de sua personagem, uma senhora esquizofrênica de cerca de 60, que era catadora no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias.

"Caros amigos, é com tristeza no coração que vos trago a notícia que há poucas horas atrás, Dona Estamira partiu dessa para uma melhor. Para aqueles que a conheceram, pessoalmente ou nas telas de cinema, sugiro um pensamento de luz para ela seguir seu caminho espiritual. Saravá, como diria meu amigo Marco Aurêlio Marcondes", escreveu Marcos que resolveu desabafar em seguida.

"Estamira ficou invisível pela falência e deficiência de nossas instituições públicas! Morreu depois de ficar dois dias esperando por atendimento nos corredores da morte do nosso maravilhoso serviço público de saúde do Miguel Couto. Ela estava com uma grave infecção no braço, mas foi tardiamente atendida. Obrigado meus políticos de Brasília, do Rio de Janeiro, que roubam nosso dinheiro e enfiam sei lá onde".

Documentário relata a história de uma senhora que cata lixo em Gramacho
Estamira relata a vida de uma senhora tachada como louca pela família e médicos, porém de uma lucidez incrível. Este foi o primeiro documentário do fotógrafo Marcos Prado, vencedor de um total de 23 prêmios nacionais e internacionais. O cenário é no aterro sanitário do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, onde são jogadas, por dia, mais de 8 mil t de lixo.

Só faltava essa!!! Carregamento de lodo é descarregado ilegalmente no Porto de Santos





Uma carga de lodo de esgoto vinda do Porto de Antuérpia, na Bélgica, com destino à Argentina, foi desembarcada ilegalmente no Porto de Santos. De acordo com informações divulgadas pelo Ibama nesta sexta-feira, o navio passava pelo Brasil quando resolveu descarregar o material, que causava mau cheiro a bordo.

Ao receber pedido para destinação da carga, a Receita Federal chamou o Ibama para verfificar o contêiner e possíveis riscos que ofereceria à saúde pública e ao meio ambiente.






Como a legislação brasileira não permite importação de resíduo com potencial risco de contaminação, o órgão ambiental concluiu que o lodo não poderia ser descarregado. A fiscalização multou a empresa transportadora e o terminal portuário onde a carga foi descarregada - o Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Santos, operado pela Santos Brasil - em R$ 60 mil cada, ordenando ainda que a carga seja devolvida à Bélgica.

Em nota, a Santos Brasil informou que a carga não tinha como destino o Porto de Santos e seria reembarcada. Sua descarga foi uma operação provisória. Ainda de acordo com a empresa, a permanência no terminal - em caráter temporário - havia sido autorizada por autoridades portuárias.

Fonte: http://www.atribuna.com.br/

domingo, 24 de julho de 2011

"Jogar fora” não existe

É ilusório o estranho costume já tão arraigado nos seres humanos de olhar o planeta como uma grande lata de lixo onde podemos descartar tudo: o "fora" na verdade não existe


por *Danilo Pretti Di Giorgi

Ouvi recentemente o economista Hugo Penteado questionando a idéia de "jogar algo fora". Ele lembrou nosso estranho costume de olhar o planeta como uma grande lata de lixo onde podemos descartar tudo. O "fora" na verdade não existe, se considerarmos que estamos todos "dentro" da Terra e que daqui não podemos sair, apesar dos delírios tecnológicos tão apreciados pelos que defendem a manutenção e até mesmo a ampliação dos níveis de produção e consumo atuais. Muito daquilo que produzimos e transformamos a partir dos recursos retirados do planeta vai continuar nos acompanhando em nossa caminhada.

Nosso lar é o planeta

Aquela garrafinha de PET - uma maravilha da engenharia que teria perfeitas condições materiais de continuar sendo reutilizada por muitos anos - não vai "desaparecer" dentro da lata de lixo depois de consumido seu conteúdo. Vai continuar presente, num lixão, testemunhando como nós a passagem do tempo, e por um período muito mais longo do que a duração de nossa vida. Para quem consegue compreender a idéia da Terra como "nossa casa", é apenas uma questão de escala a diferença entre nossos lares e o planeta. Afora a questão do tamanho, não há maiores diferenças. O terreno onde está construída a casa onde moramos é limitado. É a mesma coisa com a nossa casa-planeta, o único lugar conhecido onde nossa espécie tem condições de sobreviver.

Gerar menos lixo

Mesmo assim, apenas uma minoria parece estar de fato preocupada com as conseqüências ambientais da sociedade do consumo, que a cada ano produz uma quantidade de lixo maior, sem nenhum tipo de cuidado de larga escala com o seu tratamento. É inacreditável que ainda se discuta a responsabilidade das indústrias sobre os resíduos dos produtos que fabricam. É incrível que se fale tão pouco em redução da produção e do consumo quando sabemos que nossos resíduos não desaparecem simplesmente quando o caminhão do lixo passa pela rua onde moramos. Na realidade o lixo desaparece apenas de nossas vistas. É desesperador, por exemplo, se dar conta de que a maior parte da população mundial sequer tem conhecimento dos perigos ambientais representados pelo descarte inadequado de pilhas e baterias e que por isso milhares delas continuam se encaminhando diariamente aos lixões. Pior ainda é testemunhar que aqueles que têm acesso a essa informação e que têm sob sua responsabilidade a gestão pública não se dedicam a criar mecanismos sérios e efetivos para impedir que pilhas, baterias e outras fontes de venenos continuem contaminando irreversivelmente a terra e a água.

Pergunta difícil

Por que cuidamos tão bem das nossas casas e tão mal do nosso planeta? É difícil responder a essa pergunta, mas não é preciso ser nenhum gênio para perceber que estamos cegos, de cara na lama. Esse chafurdar, porém, se disfarça bem porque acontece ao mesmo tempo em que estamos envoltos por uma aura de "modernidade" (no sentido besta do termo), cada vez com acesso mais facilitado a aparelhos eletrônicos de desenho futurista, cheios de luzinhas que fazem muita gente acreditar que o máximo da sutileza e da capacidade criadora humana está nas linhas arrojadas ou no acabamento interno de um automóvel de "alto padrão", ou numa ampla cobertura localizada em "área nobre" da cidade, montada com o que há de melhor na indústria da decoração de interiores. Os que não vivem essa realidade, ou seja, quase todos, se alimentam do sonho de um dia vir a vivê-la ou da chance de ter acesso a, ao menos, alguns desses ícones do consumo. Transformamo-nos de cidadãos em consumidores. E com isso vamos consumindo o que resta do planeta, como cupins roendo lentamente as estruturas de um castelo que um dia virá abaixo.

*Danilo Pretti Di Giorgi é jornalista
E-mail: digiorgi@gmail.com

Fonte: http://www.jornaldaserra.com.br