sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Brasil Rural: O campo continua um desafio brasileiro. Vem dali a comida que abastece as cidades

Por >>> Roberto Malvezzi (Gogó)

O Brasil rural, com sua população de 29.852.986 (Censo 2010/IBGE) é o quinto país mais populoso da América Latina e Caribe. Fica atrás apenas do Brasil urbano com 160.879.708 de pessoas, do México com 107.431.225 (Banco Mundial), da Colômbia com 45.659.709 (Banco Mundial), da Argentina com 40.276.376 (Banco Mundial), e à frente do Peru que tem 29.164.883, ou Venezuela que tem 28.384.000 (Banco Mundial).

O Brasil rural vem perdendo população tanto em termos relativos como absolutos. No Censo de 2000 a população urbana representava 81,25% (137.953.959 pessoas), contra 84,35% (160.879.708 pessoas) em 2010. Já a rural representava 18,75% (31.845.211 pessoas) em 2000, contra 15,65% (29.852.986 pessoas) em 2010.

Portanto, depende da leitura que se tem dessa realidade para decidir quais políticas são mais convenientes para o Brasil. Os que pressionam para uma urbanização a qualquer custo, sentem-se seguros para afirmar que a distancia populacional entre o Brasil urbano e o Brasil rural só tende a aumentar. Portanto, as políticas podem e devem ser orientadas para atender a grande massa que está nas cidades. Nesse sentido, também não cabe - como dizem que não cabe do ponto de vista produtivo - qualquer reforma agrária. Afinal, o povo prefere as cidades, mesmo que elas sejam um inferno.

Mas essa realidade pode ser lida de outra forma, afinal, com uma população que é o quinto país da América Latina e Caribe, mesmo que percentualmente seja menor em relação à população urbana, o campo abriga quase 30 milhões de brasileiros. Nem vamos falar no tal Brasil “rurbano”, conceito para o qual os especialistas torcem o nariz, mas que ajuda a entender um bairro periférico como o João Paulo II aqui em Juazeiro, onde 30 mil pessoas se aglomeram para trabalhar como mão de obra barata nos projetos de irrigação da cana, manga e uva. O trabalho dessa população é rural, as condições de vida são insalubres, mas é contabilizada como população urbana.

O campo continua um desafio brasileiro. Vem dali a comida que abastece as cidades. O que seria delas sem os cultivadores de hortaliças que estão no espaço urbano? De onde viriam nossos alimentos se não tivéssemos a agricultura familiar?

O Brasil rural que emerge das estatísticas merece uma consideração mais abrangente que a leitura seca de números que mais ocultam que revelam nossa realidade.

Roberto Malvezzi (Gogó) é assessor da Comissão Pastoral da Terra.


Fonte: http://www.brasildefato.com.br

Acre: família de ambientalista quer indenização de R$ 23 milhões da Globo


Acre: família de ambientalista quer indenização de R$ 23 milhões da Globo
Terminou sem acordo a audiência de conciliação e julgamento envolvendo a família do líder sindical e ambientalista Wilson Pinheiro (1933-1980) e a Rede Globo, realizada nesta sexta-feira (11), na 4ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco.

A família de Pinheiro -assassinado dentro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, há 30 anos, supostamente a mando de pecuaristas- move ação por dano moral (direito de imagem) contra a Rede Globo em que pede pagamento de indenização de R$ 23 milhões.

A Globo é acusada de ter utilizado, sem autorização, imagens do sindicalista e seus familiares na produção da minissérie “Amazônia – De Galvez a Chico Mendes”, de autoria da novelista acreana Glória Perez, exibida no País em 2007.

Presidente da OAB-AC, Florindo Poersch representou a Globo e negou a acusação da família. Segundo a defesa, nenhuma dessas pessoas foi difamada no roteiro da minissérie.

- Elas foram elogiadas e existe até depoimentos que elogiam o trabalho da escritora Glória Perez - disse o advogado.

A ação foi distribuída em dezembro de 2009. O juiz Marcelo Carvalho, que presidiu a audiência, determinou a conclusão dos autos para nova deliberação ou sentença de julgamento antecipada do processo. Ele pode ainda determinar a produção de novas provas, caso considere necessário.

O sindicalista liderou no Acre o “mutirão contra a jagunçada”. Centenas de trabalhadores rurais marcharam contra os que ameaçavam os posseiros da região. Dezenas de rifles foram tomados e entregues ao Exército.

O então sindicalista Lula esteve em Brasiléia após o assassinato e participou de um ato público. Lula disse que estava na hora da “onça beber água”. Dias depois, trabalhadores rurais emboscaram e assassinaram Nilo Sérgio, o Nilão, capataz na região.

O discurso de Lula foi interpretado pela ditadura militar como tendo incitado os trabalhadores rurais a consumarem a vingança do assassinato de Wilson Pinheiro. Lula teve que responder a processo baseado na Lei de Segurança Nacional junto com os sindicalistas Chico Mendes e João Maia. Os três foram absolvidos e anistiados.

Fonte: http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br