segunda-feira, 27 de junho de 2011

A força das redes sociais: Natal (RN) vive dias de Indignad@s

Em acampamento de 11 dias contra prefeita Micarla de Souza, manifestantes vivem dias de lutas e conquistas






Por>>> Rudson Pinheiro Soares de Natal (RN)

Integrantes do Movimento #ForaMicarla – criado nas redes sociais e que pede o impeachment da Prefeita de Natal (RN), Micarla de Souza (PV), a “Borboleta”, como é conhecida – desocuparam no último dia 17 o pátio do parlamento municipal depois de 11 dias acampados.

Os manifestantes deixaram o local, após acordo assinado entre eles, os 21 vereadores da casa, o Ministério Público e a OAB.No acordo os veredores assumiram o compromisso de atender duas reivindicações: a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar os contratos administrativos da Prefeitura – com presidência ocupada pela oposição e sem a presença de parlamentares que, de alguma forma, possuam contratos com a Prefeitura – e a realização de uma Audiência Pública sobre o caos administrativo em que, segundo os manifestantes, se encontra a cidade.

O Movimento #ForaMicarla encerrou o Acampamento “Primavera sem Borboleta”, mas promete firmeza no propósito de derrubar Micarla, cuja administração é acusada de corrupção e de abandono da cidade.

Após a realização da Audiência Pública, o Movimento divulgou Carta Aberta intitulada “Reflexões sobre as primeiras batalhas”. O documento, em um dos trechos, afi rma: “Foi preciso superar a noção de que protestar é uma coisa fora de moda, que não gera resultados, que é coisa de gente baderneira. Rasgar o véu do individualismo, do consumismo, do imediatismo”.

Os integrantes do #ForaMicarla acreditam que as investigações da CEI levarão ao impeachment da Prefeita e afirmam que as manifestações continuarão. Acompanharão os trabalhos da CEI e, com isso, farão um relatório paralelo. “O nosso caminho ainda pode ser longo e tortuoso. Mas agora, companheiros( as) que somos, andamos melhor”, diz a Carta Aberta, conclamando todos os que se sentirem contemplados pelas palavras e ações do #ForaMicarla a se juntarem ao Movimento. “Da inércia para o movimento basta um pulo. E quem não pula quer Micarla”, conclui a Carta.

Onze dias de tensão e resistência

O Acampamento “Primavera sem Borboleta” teve início no dia 7 de junho, quando manifestantes foram até à Câmara protestar contra o fato de uma CEI sobre os contratos de aluguéis da Prefeitura não ter a presença da oposição, nem na relatoria e nem na presidência, e contra o fato de um dos membros da Comissão, o vereador Albert Dikson (PP), possuir contrato com a administração municipal.

Em seguida, já acampados, os manifestantes tomaram conhecimento, pelo Diário Oficial, da extinção da CEI. “Eles achavam que, ao extinguirem a CEI, ficaríamos sem pauta de reivindicações. Enganaram-se redondamente”, diz Mozart Neto, advogado, um dos articuladores do Movimento nas redes sociais e presença constante no acampamento.

A Câmara Municipal ingressou com um Mandado de Segurança solicitando a desocupação do pátio. O pedido foi acolhido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) e a retirada dos manifestantes foi marcada para ocorrer no dia 14, ao meio dia, quando os acampados se armaram de flores brancas para receberem a polícia.

No mesmo dia, Micarla de Souza, em entrevista coletiva, afirmou, mais uma vez, que estava aberta ao diálogo e que o Movimento foi articulado por quem foi derrotado nas urnas, em 2008. “Resolvi convidar vocês para participarem dessa entrevista, a fi m de comunicar a toda a população natalense que não irei aceitar qualquer tipo de ilação, qualquer tipo de questionamento com relação à lisura de nossa gestão”, sentenciou a Prefeita.

Em carta aberta à Prefeita, o Movimento comentou sua entrevista: “O que testemunhamos foi a persistência de um discurso marcado pela desqualificação dos que contestam de maneira franca o seu trabalho, pela falta de auto-crítica e de disposição em participar de um debate amplo e aberto a todos”.

No entanto, graças a uma mediação da Ordem dos Advogados do Brasil sessão Rio Grande do Norte junto ao Presidente da Câmara, vereador Edivan Martins (PV), a invasão policial foi adiada por 24 horas, para o dia 15. Martins pediu à polícia que esperasse por mais um dia e prometeu atender as reivindicações, ainda que parcialmente; o que não fez. No dia seguinte, o pleno do TJRN autorizou o uso da força policial para às 18h.

Para a hora da desocupação foi marcada via redes sociais uma mobilização que promoveu um buzinasso por toda a cidade e o acampamento, que à esta altura já contava a presença de militantes de diversos coletivos, partidos e movimentos sociais, lotou de simpatizantes.

Na hora “H”, o mandado do TJRN que autorizava o uso da força policial foi derrubado por uma liminar emitida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), articulada por estudantes de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em reação à decisão do STJ, os manifestantes, carregados de muita emoção, cantaram o hino nacional, “uma cartarse que muitos(as) lembrarão pelo restante de suas vidas”, diz a Carta Aberta.

Do baile à prefeitura

Antes do acampamento, outras manifestações contra Micarla de Souza já haviam ocorrido. Em janeiro deste ano, estudantes se mobilizaram contra o aumento das passagens de ônibus. Já em março, no tradicional Baile de Máscaras de abertura do carnaval da capital potiguar, houve outra manifestação e a prefeita, avisada, faltou à entrega da Chave da Cidade que ocorreria na ocasião. Durante o carnaval, a manifestação seguiu com o bloco do “Xô Inseto”, alusivo ao apelido de Micarla. Em 25 de maio, 2000 pessoas foram às ruas pedir a saída da Borboleta. Fizeram o mesmo no dia primeiro de junho.

Durante o acampamento, outros atos pela cidade foram realizados, dias 9 e 15 de junho, nas duas ocasiões contra o uso da força policial. Por fi m, o ato de desocupação, no dia 17. “O Egito é aqui” é um dos slogans do Movimento, em função das transformações naquele país e pelas manifestações terem sido viabilizadas, em parte, através das redes sociais. “A cada ato que fazemos, o Movimento aumenta de tamanho” diz a agora ex-acampada Vani Silva, assistente social e estudante de direito.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário